Siga os passos de Hitler e conheça a história das multinacionais que flertaram com o Nazismo
Nos 70 anos do fim da 2ª Guerra Mundial, a cidade de Munique oferece um roteiro pelos locais onde foram decididos os rumos da humanidade naquela época. Também conheça as multinacionais que apoiaram o regime nazista

O dia 8 de maio de 2015 marca o aniversário de 70 anos do final da 2ª Guerra Mundial, no continente europeu. Nesta data o mundo voltará a se recordar de um dos momentos mais vergonhosos da história da humanidade, o Nazismo. O regime, que comandou a Alemanha entre 1933 e 1945, dominou boa parte da Europa durante a guerra, porém não resistiu ao avanço das tropas Aliadas.
O confronto que matou mais de 60 milhões de pessoas, entre elas seis milhões de judeus, começou muito antes do início das batalhas, em 1939. A 2ª Guerra Mundial é uma consequência direta do desfecho da 1ª Guerra, com a rendição da Alemanha. O país que possuía altas taxas de desemprego, hiperinflação e uma população humilhada pelas exigências dos vitoriosos foi facilmente manipulado pelo então líder da Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, mais conhecido como Partido Nazista. O desfecho desta história é famoso, mas o pouco divulgado é como o partido comandado por Adolf Hitler cresceu através do dinheiro que vinha pela excelente relação que possuía com as grandes empresas que ainda hoje existem.
Passos de Hitler

Conhecido como 'Rota de Hitler', o percurso passa pelos principais locais que eram frequentados pelo líder nazista, em Munique. Por questões de segurança estas áreas ficavam próximas e sempre separadas por poucas quadras de distância. Atualmente, o percurso pode ser realizado a pé ou de bicicleta e possui diversos locais históricos que ganharam relevância ao longo do governo nazista.
O caminho começa com uma visita pela Praça Königsplatz que foi o coração do poder do 3º Reich e palco dos famosos desfiles militares do partido. Ao leste da praça fica o Führerbau que era o edifício onde Hitler despachava. O local também possuía escritórios de outros líderes do partido. Ao lado do gabinete do Fuhrer ficava o Verwaltungsbau que era um galpão onde eram armazenadas as obras de artes 'recuperadas' (roubadas) pelo regime nazista. Hoje, o prédio abriga a administração dos museus de Munique.
Conhecida como 'Casa Marrom', a Das Braune Haus foi a sede do partido nazista na cidade e acabou completamente destruída durante a 2ª Guerra Mundial. O local só foi redescoberto em 2006, durante escavações na região. Havia um túnel com aproximadamente 500 metros de extensão que ligava o imóvel ao prédio do escritório de Hitler, o Führerbau.
Outro lugar importante é o monumento 'Propyläen' que ficou ainda mais famoso após ser usado como ponto de referência pelo regime nazista na queima de livros 'imorais'. A imoralidade das publicações estava no fato delas serem escritas por judeus. O local foi utilizado diversas vezes para 'educar' os alemães sobre quais deveriam ser suas leituras corretas.
Localizado mais ao leste da Praça Königsplatz, o Residenz foi a residência oficial da realeza alemã, mas durante o período nazista, o palácio foi sede da Gestapo. A organização era uma polícia política do regime que possuía entre outras tarefas, a perseguição e eliminação de judeus.
O campo de concentração de Dachau foi o primeiro a ser construído pelos nazistas e está localizado a cerca de cinco quilômetros do centro de Munique. No auge de sua lotação chegou a aprisionar mais de 200 mil pessoas que viviam em condições sub-humanas e de escravidão. O local funcionou entre 1933 e 1945 e foi responsável pela morte de mais de 30 mil judeus.
Nazismos x Grandes empresas
Para crescer e se manter no poder ao longo de mais de uma década, o partido contou com o apoio financeiro de gigantes da época e até usou suas tecnologias para agilizar o extermínio de judeus. Nos casos das empresas norte-americanas de refrigerante e tecnologia, mais especificamente a Coca-Cola e IBM, ambas perderam o controle de suas subsidiárias na Alemanha com o início da Guerra, que passaram a trabalhar sob ordens do regime nazista. Já a situação da tradicional gigante do ramo alimentício, a Nestlé, foi mais delicada, pois ela cooperou e financiou diretamente o governo de Hitler.
Coca-Cola
Com a perda do controle de sua subsidiária na Alemanha para o regime nazista, a Coca-Cola viu suas fábricas serem usadas para servirem ao governo local e ajudarem no projeto de poder de Hitler. O país europeu era o segundo maior consumidor do refrigerante da marca no mundo, porém com o início da guerra foi cortado o envio de matéria prima a nação europeia. Sem ter como produzir Coca-Cola, a subsidiária alemã inventou um novo refrigerante de laranja, apelidado de 'Fanta'. Na época, foi utilizada mão de obra escrava na fabricação da bebida pelo governo nazista. A empresa se desculpou publicamente após o final da guerra, porém manteve a venda do refrigerante sabor laranja.

IBM
O caso da IBM é mais complicado, pois há provas documentais sobre o envolvimento do seu então CEO, Thomas J. Watson, com o regime nazista. O livro “IBM and the Holocaust” (“IBM e o Holocausto”, em português) escrito por Edwin Black afirma que a empresa apoiou o extermínio de judeus com máquinas que facilitavam a catalogação das vítimas e seu posterior extermínio. A empresa alega que perdeu o controle da subsidiária alemã após a intervenção nazista.
Nestlé
A Nestlé é outro exemplo de grande corporação que soube usar a guerra e sua proximidade com o nazismo para lucrar. A companhia alimentícia fez generosas doações ao partido e conseguiu ampliar suas fábricas nos países invadidos pelo regime. Também há relatos da empresa ter usado mão de obra forçada em sua produção. Poucos anos atrás, a Nestlé indenizou em mais de R$ 90 milhões os sobreviventes do holocausto, além de organizações judaicas. A empresa também se desculpou publicamente pelas suas atitudes do passado.
Dr. Oetker
O caso da empresa alemã de produtos alimentícios é considerado um dos mais emblemáticos. O seu ex-presidente, Rudolf-August Oetker foi membro do partido, defensor do holocausto e um dos maiores financiadores do regime nazista. A empresa também utilizou mão de obra escrava em suas fábricas durante o período. Neste caso, estas informações não foram divulgadas pela imprensa e sim pela própria Dr. Oetker. O atual presidente da companhia e filho do acusado, August Oetker, foi o responsável pela investigação interna que levantou as sérias acusações contra seu pai.
Publicado por Dennys Marcel em