O Turismo como ferramenta de inclusão
O Turismo é uma atividade que traz benefícios nos mais diversos campos de nossa vida, e pode ser usado como uma ferramenta de inclusão de pessoas na sociedade
O Turismo como ferramenta de inclusão

Este texto foi escrito para II Conferencia Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência. CONADE - Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência/Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Brasília, p. 11-12, dezembro 2008.
O turismo é um campo bastante abrangente, onde as diversas áreas de que é composto, muitas vezes se apresentam em situações de nosso cotidiano, como por exemplo, transporte e alimentação. Por isso se enxergarmos o turismo como uma ferramenta de grande importância, automaticamente estaremos beneficiando diversos outros campos de nossa vida. Ao pensarmos na acessibilidade no turismo, é necessário pensarmos na adequação de um ciclo de serviços e produtos turísticos, desde a oferta da atividade, até o retorno do cliente ao local de origem.
Na sociedade brasileira, o conceito de acessibilidade e inclusão não é algo presente na maioria das situações, pelo contrário. Algumas empresas turísticas que tem seus estabelecimentos ou serviços adaptados a esse segmento de público, por vezes não costumam identificar em seus materiais de divulgação, este pequeno detalhe. Desta maneira este grande diferencial que foi trabalhado, acaba passando em branco não só aos olhos dos clientes que se interessariam por esta característica, mas também por terceiros que poderiam indicá-lo a outras pessoas. Em contrapartida, muitos que se dizem adaptados e com acessibilidade, não apresentam essas qualidades satisfatoriamente, na maioria das vezes por falta de conhecimento técnico.
Em outra situação, como foi citado no início do texto, o transporte é outra questão muito presente no turismo e no cotidiano de todas as pessoas. Diversos são os tipos de transporte, sejam através de aviões, ônibus, trens, navios ou mesmo itens relacionados à veículos particulares, como por exemplo, a existência de vagas de estacionamento reservadas. Para todos eles, a falta de acessibilidade é um fator que inibe muito a prática do turismo. Não adianta um destino altamente qualificado em questões de acessibilidade, se não existe transporte adequado até o local.
Os estabelecimentos relacionados à alimentação, como bares e restaurantes, também são peças fundamentais. Diversos são os pontos que se deve prestar atenção, e não somente ao acesso dos locais. Pessoas usuárias de cadeira de rodas, encontram muita dificuldade nas mesas do estabelecimento, quando não conseguem posicionar sua cadeira de forma correta, devido à estrutura da mesa. Serviços de buffets, na maioria das vezes apresentam as bandejas onde são colocados os alimentos, de uma forma inacessível para uma pessoa com dificuldades físicas. Confeccionar ao menos um cardápio em Braille por estabelecimento, não representa uma quebra no orçamento do restaurante, mas sim oferecer dignidade ao cliente com deficiência visual na hora de escolher sua refeição.
Em diversas atividades, se faz necessário o uso de estabelecimentos e equipamentos paras transações financeiras. Os bancos com porta giratórias e os quiosques de caixas eletrônicos, dificultam muito o acesso de cadeira de rodas. No caso dos bancos, oferecem um acesso alternativo através de uma porta convencional, porém muitas vezes o tempo para abertura desta porta, é excessivamente demorado. Diversos outros problemas podem ser verificados, desde máquinas de cartões ligadas por fio, mas que ficam instaladas em locais sem acessibilidade até a falta de segurança de uma pessoa com deficiência visual, na impossibilidade de conferir o dinheiro sacado. Infinito são os problemas, poucas são as soluções.
Falando um pouco sobre estabelecimentos que são construídos fora das normas de acessibilidade, existem falhas que são desvantajosas tanto ao proprietário quanto ao usuário. Posso citar como exemplo, um Shopping Center recentemente construído, onde havia um desnível com três degraus, e para fornecer acessibilidade, instalaram uma plataforma elevatória. Porém o local tinha espaço físico suficiente para construir uma rampa seguindo as normas de acessibilidade, que fazendo uma análise, teria um custo muito menor com uma maior funcionalidade. O equipamento necessitava da chave que ficava de posse do segurança, mas que não sabia como operá-lo.
Os eventos como feiras, congressos, festas ou até mesmo acontecimentos de grande portes como shows em estádios e mega eventos esportivos, também estão sob os cuidados de diversos profissionais, inclusive do turismo. Pessoas com deficiência participam de todos os tipos de evento, algumas vezes não só como participantes, mas também como organizadores e palestrantes. Ter acesso para subir ao palco, um intérprete de libras ou a programação do evento em Braille, são itens que devem fazer parte básica da organização. Um grande show musical, onde as pessoas assistem à apresentação de pé, se não houver um espaço reservado para pessoas de cadeira de rodas ou nanismo, acaba se tornando inviável, pois apesar de ser uma apresentação musical, onde o sentido mais utilizado é a audição, os espectadores também querem ver quem está cantando.
Como já dito anteriormente, o turismo é uma atividade multidisciplinar, agregando conhecimentos e experiências de diversos campos para fornecer uma experiência única. Então, devido a essa grande diversidade, é que o turismo consegue ter um grande poder de inclusão na sociedade. Visitar um museu ou exposição, não é somente um momento de lazer, mas também estamos adquirindo conhecimento de uma forma bastante espontânea. Praticar atividades esportivas ou de aventura, são atividades que engrandecem qualquer tipo de pessoa. Elas ensinam questões como desafio e perseverança, princípios que se incorporarmos para outras áreas de nossa vida, podem trazer grandes resultados, ainda mais para uma pessoa com deficiência, onde os desafios encontrados no cotidiano são bem maiores, além do benefício físico, pois estamos exercitando nosso corpo. O lazer é uma forma de terapia, pois na corrida frenética do trabalho somos bastante exigidos para alcançar o sucesso, deixando nossa cabeça à beira de uma crise de stress, que muitas vezes tem reflexos indesejáveis em nosso corpo. Diante destes exemplos práticos, conseguimos visualizar melhor, que o turismo não é um item supérfluo, mas é visto dessa maneira devido ser uma atividade bastante agradável, ao contrário de outras necessidades como o trabalho, estudo e saúde, que muitas vezes são vistas como obrigações.
O Brasil é um país de enorme potencial turístico, porém ainda pouco explorado. Se um planejamento adequado for realizado em cima desta oportunidade, além de abrirmos caminhos para promover acessibilidade e inclusão em diversos campos da sociedade, também diversas oportunidades de emprego serão geradas, beneficiando a todos.
Publicado por Ricardo Shimosakai em

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Ricardo Shimosakai

Patricia Wurth Medina
Muito boas as tuas colocações e exemplos!
Teu texto consegue englobar os diferentes aspectos da acessibilidade, apresentando um retrato fiel da realidade.
Grande abraço!

Ricardo Shimosakai

Jefferson

Ricardo Shimosakai

Roseli

Ricardo Shimosakai

Amélia Camargo

Ricardo Shimosakai

Diogo Martins
Novos conceitos estão surgindo, inclusive na terminologia, onde muita gente está adotando deficiência intelectual ao invés de deficiência mental, mas isso é uma coisa recente. Procuro dar atenção a todas as deficiências, pois inclusão é para todos. Pessoas com síndrome de down eram pouco lembradas, mas o cenário vem mudando. Dia 21 de março é o Dia Internacional de Sindrome de Down, e na Secretaria Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo, acontecerá o Simpósio SÍNDROME DE DOWN - CINQUENTENÁRIO DA TRISSOMIA DO 21. Se os conceitos sobre a pessoa com deficiência fossem mudados, em vez de serem tido como coitados ou incapazes e enxergados como pessoas, a evolução da acessibilidade e inclusão seria uma consequência normal" É exatamente esta linha que segue a minha análise feita neste trabalho. Me formei e 02 anos depois abri minha agência de turismo receptivo aqui em São Luís (MA). Um dos diferenciais desta agência é justamente atender a este tipo de público. Lancei um pacote, o qual batizei de Lençóis Fitness. Inicialmente este pacote era direcionado ao público de melhor idade, onde um profissional educador físico acompanharia o grupo e seria responsável por desenvolver atividades diversas, como: alongamento, técnicas de relaxação, atividades lúdicas e etc, dentro do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. Conversando então com minha irmã, que é T.O. ela me propôs extender esta idéia para outro tipo de público, os portadores de Síndrome de Down e autistas. Por enquanto ainda não colocamos esta idéia em prática, porém, em breve estaremos trabalhando em cima deste projeto. Quem quiser trocar mais idéias, meu e-mail pessoal é: diogo_turismologo@ig.com.br A agência é cadastrada no portal ecoviagem. É a Orbe Turismo e Aventura

Ricardo Shimosakai

Ralph Salgueiro

Ricardo Shimosakai

Diogo Martins

Ricardo Shimosakai

Amâna Bioni
sou acadêmica de turismo, estamos ai para mudar isso. cada vez mais, as pessoas estao tomando conciência do que esta aocntecendo e os novos gestores estão vindo para concertar o que tem de errado.

Ricardo Shimosakai

Mari Gândara

Ricardo Shimosakai

Gláucia de Salles Ferro

Ricardo Shimosakai

Alencar Westin

Ricardo Shimosakai

Madruga

Raquel Magalhaes
Raquel
Ricardo Shimosakai