Ilha do Marajó/PA - Fazenda Sanjo
A Sanjo possui grande rebanho de búfalos e também cria cavalos. O passeio mais emocionante é a tocagem de búfalos.
Apresentação

A Ilha de Marajó chega a chocar devido à infinidade de peculiaridades a serem vistas, apreciadas, curtidas ou degustadas.

O Caboclo marajoara é o tipo étnico predominante, e o vaqueiro, um de seus variantes, é o profissional mais destacável. Resultante da miscigenação branco-índio e branco-negra em menores proporções, o caboclo realizou e aprendeu tudo do índio e do português, assimilou valores do negro e soube mesclar, com inteligência, cultura e habilidades para dar o toque especial à vida marajoara.
Do convívio com o búfalo, animal chegado posteriormente, à harmonia com a Ilha, fazendas imensas, praias de água doce, pássaros aos milhares, e animais silvestres. Infelizmente, a caça ainda faz parte da cultura, mas a carne de búfalo e os peixes são os principais pratos.

As tradicionais danças, os pratos típicos regados a frutas exóticas, a vida do fazendeiro, do pescador, do vaqueiro e do caboclo, fazem do Marajó um excelente local para a prática do turismo rural e ecoturismo, onde o visitante apenas presencia o dia-a-dia do povo, a rotina dos pássaros, das fazendas... Algo natural e encantador. As atividades turísticas, em alguns pontos, estão começando agora, e o povo está mostrando, cada vez mais, toda a sua boa vontade e simpatia para lidar com o turista. A experiência é inesquecível.

A cerâmica marajoara, legado de uma tribo indígena de cultura avançada que há 3000 anos povoou a Ilha, é a arte mais reproduzida por artesãos da região. Estes índios dominavam a técnica da horticultura na floresta e desenvolviam a agricultura itinerante.
Habilidosos arquitetos, os marajoaras tinham estratégias para preservar suas casas nas épocas de cheia. Por volta de 1300, esse povo sumiu misteriosamente.
Joanes

A diversidade começa por Joanes, uma cidadezinha próxima ao Salvaterra que, além de ruínas jesuítas, tem imensa praia de areia fina e água doce com ondas!

Iniciamos nossa manhã com um passeio pelo Igarapé a remo. Por um dia, ficamos hospedados na Pousada Ventania , onde tem-se uma incrível vista da praia. Joanes é um local que guarda suas características de vilarejo, interessante de ser observada.

Almoçando na praia, ouvimos um som de carimbó, nos aproximamos e havia um grupo de jovens tocando, cantando e dançando o tradicional carimbó. Imediatamente, fomos convidados a assistir, dançar, e nos pediram desculpas por não estarem com as roupas tradicionais, já que era apenas um momento de farra! Uma prova de que a dança folclórica, de influência indígena, é algo vivenciado na cultura marajoara e não somente resgatada para o turismo. É lindo e contagiante!

De noite, fomos até a estrada de asfalto (a única em Joanes) em busca do Tacacá da D. Carmem, bem indicado pela pousada. Era domingo e a cidade toda vai à igreja e, estrategicamente, D. Carmem monta sua barraca no caminho. Para quem nunca ouviu falar, o Tacacá é um prato típico do Pará, servido em cuia, e que leva: Tucupi (um caldo amarelo, extraído da mandioca e fervido para tirar o `veneno`), a Goma (Tapioca diluída), folhas de Jambu (erva que deixa os lábios dormentes) e camarões secos. Provamos o delicioso e forte Tacacá em um clima bem regional, pouca iluminação, pessoal local e até trilha sonora do boteco.
Fazenda Sanjo

Há 50 minutos de voadeira, saindo do Porto de Soure, está a Fazenda Sanjo. No caminho, o Furo do Miguelão, uma abertura no mangue do Rio Paracauary, que passa por dentro de uma vegetação fechada, muito bonito, diz a lenda que foi aberto à mão. Todo o caminho parece resumir-se em água, céu e mangue. Mas o mangue do Marajó é excepcional, chega a 30 metros de altura e, naturalmente, agrega a deste contexto inúmeras espécies de pássaros facilmente visíveis.
O trajeto para a Sanjo permite a `aclimatação`, fazendo o turista receber tudo o que verá a seguir como alguém privilegiado, e não é difícil sentir-se assim ao visitar um lugar destes! O seu propósito, segundo D. Ana Tereza, proprietária, é proporcionar ao hóspede a vivência em uma fazenda marajoara com mais de 30 anos de tradição, e também colocá-lo em contato com a natureza preservada.
A chegada na propriedade é cheia de estilo, da voadeira montamos nos cavalos já celados enquanto as mochilas foram levadas em uma charrete puxada por búfalos.

A Sanjo possui grande rebanho de búfalos e também cria cavalos. O passeio mais emocionante é a tocagem de búfalos. Saímos cavalgando entre os campos infinitos, nesta ocasião (inverno) secos, observando a rica fauna: bandos de guarás, garças, colhereiras, marrecos e jaçanãs. Uma paisagem de encher os olhos... Aos poucos, com a presença dos vaqueiros, fomos reunindo os búfalos e alguns cavalos e então tocamos a manada para o curral.

A luz do fim do dia desenhava silhuetas e compunha paisagens cinematográficas. Como todas as fazendas no Marajó, a comida é farta, típica e variada, cada uma esconde algumas receitas familiares, D. Ana Tereza faz uma sopa de queijo de búfala imperdível, além de um arroz de camarão com ingredientes fora do sério!

A lua cheia nasceu e fomos contemplar a noite em uma passarela em meio ao campo, de frente para uma mata.
Pesca de piranhas

Na janela, um bando de jaburus festejava o amanhecer na Fazenda Sanjo. Café farto e típico, Ana Tereza fez questão de que provássemos o bolinho de tapioca, a tapioquinha, ricota feita por ela mesma, a rabanada... Cheios de energia, saímos montados em BÚFALOS!!!! para nossa pesca. Por incrível que pareça, são bichinhos bons de se montar e, para a surpresa: correm pra valer!

Como havíamos calculado a melhor hora da maré, bastava colocar a isca no lago e já puxávamos uma piranha. Com apenas uma hora de lazer, saímos distribuindo piranhas para o jantar de todas as casas da fazenda, inclusive a nossa! No jantar: caldo de piranha. Divino!

No trajeto da volta, os jacarés da Sanjo deram as caras mas, infelizmente, foram mais rápidos que a câmera fotográfica.
Trilha e Cemitério Indígena

Em meio aos campos da Sanjo, há espécies de `ilhas` de mata nativa. Em uma delas, foi aberta uma trilha interpretativa. Fizemos o trajeto identificando várias árvores que possuem seus nomes em placas de madeira. Entre elas, o Breu Branco, que solta uma substância com cheiro forte e agradável. Foi utilizado recentemente pela natura para fazer perfumes.

Para descansar, um balanço natural de cipó. Da sede da fazenda, ouve-se diariamente os gritos das guaribas que estão nas matas. Na caminhada, tivemos o prazer de encontrá-las pessoalmente!

Em meio à uma trilha, Ana Tereza, a fim de perdurar a cultura marajoara, organizou um cemitério, com réplicas de cerâmicas marajoaras. Ana preocupou-se em nos mostrar como são encontradas, até hoje na fazenda, estas peças milenares. O cemitério é tido como uma homenagem aos índios.
Êta Marajó
Ilha Encantada de gente dourada
Caboclo, vaqueiro, caiçara e fazendeiro
Que tanta riqueza, cultura, vida, natureza....
No igarapé, na mata de igapó
As garças, tucanos, pica-paus, maguarys...
E a canoa, que não destoa...desliza na boa
De baixo de açaís, ao lado dos caranguejos e rodeada das guaribas.
Gigantes fazendas, de campos infinitos
Ora secos, ora alagados
Os pássaros aos gritos, cenas de arco-iris: guarás, garças azuis, jaburus.
Colhereiras em harmonia com Búfalos e jacarés.
Que terra mais farta e jeitosa
Em todo canto, dá o que comer:
Nos lagos, saborosos peixes e crustáceos,
Nas árvores frutas cheias de energia.
Murici, Tucupi, Açaí, Buriti, Bacuri, Caju, Cupuaçu, Tacacá
Espírito Marajoara impregnado de cultura indígena! Nas palavras, nos hábitos, nas comidas e folclore.
Praias extensas e desertas, de água doce e ventania, onde vive a pesca e a monotonia.
Ah, que tristeza que dá, deixar o Marajó sem dia certo para voltar...
Por: Maria Claudia B. Silveira
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Dicas dos autores

As duas estações: chuvas de dezembro a maio e sol de junho a novembro - alteram totalmente a paisagem. Os campos variam de um verde total no verão a um marrom de seca no inverno. Nos alagados do verão, milhões de aves revoam nos campos, e até a dura e crua terra tem uma beleza rara no inverno. Por isso, não é fácil dizer qual a melhor época, somente é bom saber que, se vier no verão, vai tomar muita chuva, mas vai valer a pena!
Mesmo que `Tocagem de Búfalo` soe estranho a você, essa é uma experiência incrível e característica da Fazenda Sanjo, não deixe de fazer.
Peça à D. Ana Tereza pela sopa de queijo de Búfala, ela não dá a receita, por isso, só na Sanjo para degusta-la!
Salvaterra (Ilha de Marajó) Soure (Ilha de Marajó)
Publicado por Equipe EcoViagem em

Edmilson Rocha

Equipe EcoViagem

Abram Heinrichs

Andre luis

Louise Anne Menezes
Pode ser?
Antecipadamente obrigada.
Louise Anne Menezes
Mario Feio