Trekking na Trilha do Ouro
Percorrer a trilha do ouro significa fazer uma viagem no tempo e na história do Brasil.
Apresentação

Percorrer a trilha do ouro significa fazer uma viagem no tempo e na história do Brasil. Ela nos remete ao século XVIII onde nossas riquezas (ouro e diamante) eram levadas até o litoral para então seguir viagem até Portugal. Porém, muitos viajantes, para fugir dos impostos da coroa portuguesa, utilizavam trilhas abertas na mata virgem para chegar até no litoral - Mambucaba-RJ. E é justamente por essas trilhas que a equipe da Trilha do Ouro de Campos Novos conduz grupos interessados em redescobrir essa incrível passagem de nossa história.

Hoje existem várias saídas para a trilha de ouro de alguns municípios da serra da bocaina, mas o grande diferencial da trilha oferecida pela equipe da Trilha do Ouro é o fato de praticamente 90% do trajeto ser feito dentro de mata atlântica nativa e intocada.
Para facilitar a logística da viagem que dura 3 dias existem dois sítios de apoio localizados no trajeto onde há pernoite e alimentação.
1o. dia: Início da Aventura

Como houve um cancelamento de um grupo de última hora, acabei fazendo a trilha sozinho e para facilitar a logística decidi fazer um bate-volta. Ou seja, não completei o trajeto até Mambucaba, retornando do último sítio de apoio.
Para chegar a Campos Novos, saí da Dutra em Guaratinguetá em direção à Cunha.

Dentro de Cunha seguí as placas para Campos Novos – cerca de 30 min. De lá me desloquei de carro com a equipe até o sítio Recreio da Bocaina de onde sai a expedição. Enquanto esperava os preparativos dos cavalos me deliciei fotografando inúmeras teias de aranhas ainda cobertas pelo orvalho da manhã.

Com os cavalos e mula prontos partimos às 08h30min, eu e o Nico, um mateiro que conhece a região desde criança. O dia estava maravilhoso com sol e temperatura agradável. Inicialmente preferi caminhar e a Morena, minha égua, foi puxada pelo Nico. Em pouco tempo de caminhada já adentramos na mata fechada e pude contemplar toda a exuberância da mata atlântica. É incrível notar que onde há um raio de sol, há uma vida brotando.

Um dos pontos altos da trilha é a passagem pelos pontos de calçamento feito pelos escravos. Incrível o trabalho que tiveram para deslocar pedras de longe para aquele ponto e ver o bom estado de conservação que se encontra apesar de ter tanto tempo.

Nossa parada para lanche foi às 13h contemplando o belo rio Guaripu. Uma hora e meia mais tarde chegamos finalmente no rancho Mameluco, o segundo sítio de apoio, onde pernoitaríamos. Lá, já estavam a Maura e a Edvane, as cozinheiras que nos esperavam com um café feito na hora com pãozinho caseiro.

Descarregamos as coisas, soltamos os animais e fui explorar o local. Somente após algum tempo é que me dei conta que já havia estado naquela casa, quando em 2006 também fiz a trilha do ouro saindo de São José do Barreiro.

Ao anoitecer, acendemos o lampião e ficamos jogando conversa fora ao redor do fogão de lenha esperando o jantar. Indescritível a sensação de estar numa casa de caboclo, longe de tudo e todos, curtindo um maravilhoso céu repleto de estrelas. Bem, como todo bom caboclo, fui dormir cedo para repor as energias do dia.
2o. dia: Explorando as redondezas

Esse dia foi reservado para descanso e explorar os atrativos próximos da casa. Após o café da manhã, feito em coador de pano, saí para fotografar o rio Mambucaba que passa na frente da casa e uma série de detalhes, que somente num dia tranqüilo e com tempo de sobra poderia ter feito. Ainda pela manhã recebemos a visita de um grupo que estava num sítio vizinho. Foi uma ótima oportunidade para conversar com gente local e aprender um pouco sobre sua cultura e costumes.

Após o almoço fomos conhecer o principal atrativo do dia: a cachoeira dos veados. Uma imponente queda d’água que despenca de 200m no rio de mesmo nome. Apesar da água gelada foi irresistível um banho para subir no melhor ponto para uma foto.

Na volta para o rancho outro café com pão caseiro estava a nossa espera e mais tarde voltamos ao ritual de esperar o jantar rodeando o fogão à lenha jogando conversa fora.
3o. dia: retornando

Nesse dia acordamos às 6h, recolhemos os animais e após o café começamos o caminho de volta. Como agora a maior parte seria de subida, preferi ir cavalgando. Mas em alguns trechos foi necessário descer e caminhar, pois devido ao barro e pedras escorregadias o cavalo poderia escorregar. O dia estava lindo novamente e foi um grande prazer poder apreciar mais detalhes da mata, estando montado. Fizemos uma parada para lanche numa bica d’água para renovar as energias

Já quase chegando o Nico me levou até a cachoeira das pacas que fica muito próxima da trilha. Chegamos de volta ao sítio Recanto da Bocaina às 13h30min. Após um bom banho, almocei com o Nico e peguei meu carro de volta para Campos Novos.

Mais uma vez com a certeza de um feriado muito bem aproveitado num passeio mágico e de incrível beleza.
Dicas do Autor

Adilson Moralez
adilson@ecofotos.com.br
www.ecofotos.com.br
Os meses de outono e inverno são os mais apropriados devido à ausência de chuva. Mesmo assim o solo é bastante úmido com muito barro. Como a mata é muito úmida proteja equipamentos eletrônicos dentro de sacos plásticos.
Normalmente as pessoas da região são muito tímidas, puxe conversa, conte suas histórias e pergunte pelas delas. Certamente a viagem será mais interessante e você aprenderá e ensinará muito também.
Abra mão dos confortos da cidade e se permita viver num local sem energia, com comida simples, banho quente por serpentina no fogão a lenha. Sente na soleira da porta e curta o fim do dia conversando ou simplesmente observando a natureza.
Serviços
Trilha do Ouro
Campos Novos - SP
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(12) 3119-1205
Publicado por Adilson Moralez em

Julie

Adilson Moralez

Danielle

Dvanir Goulart