São Paulo, 455 anos e 1000 problemas sem solução
No aniversário da mais importante metrópole brasileira, a busca por soluções para os inúmeros problemas existentes.


- 25 de janeiro de 2009. Estávamos todos reunidos. Íamos iniciar o jantar. Nossos convidados eram personalidades e personagens importantes. O tema do encontro etílico-gastronômico seria os 455 anos de idade da cidade de São Paulo.

- Tenho a impressão de que você vive em um universo de fantasias à espera de milagres que transformem o seu cotidiano em um mundo ideal. Vamos lá! Dê asas à imaginação! Quem estava presente?
- Antes de citá-los, imagine a cena: estávamos todos em uma pequena sala decorada de maneira sóbria, onde prevaleciam objetos despojados adquiridos na Feira de Antiguidades do Bixiga. A mesa era redonda, o clima amigável e o vinho, nacional, era fruto dos esforços e competência de uma renomada vinícola gaúcha. O ambiente era descontraído.

- Estou imaginando. Mas quem eram eles? Por que estariam reunidos?
- Era um momento de confraternização. As questões político-partidárias ou de cunho puramente egocêntrico-egoísta não eram o tópico desse encontro entre amigos.
- Deixe de enrolar, quem eram eles?

- Luiza Erundina, gestora e administradora de São Paulo de 1989 a 1992; Paulo Maluf, ex-prefeito entre 1969 e 1971, no primeiro mandato, e de 1993 a 1996, no segundo; Celso Pitta, representante da capital paulista de 1997 a 2000; Marta Suplicy, prefeita de 2001 a 2004; e Gilberto Kassab, atual prefeito, no poder desde 2005 e reeleito em 2008.

- É uma turminha interessante! Quem mais esteve presente ao encontro?
- Convidei a senhora Célia Marcondes, representante da Associação que protege o bairro Cerqueira Cesar e região; a senhora Carmem e o pastor Daniel, " os pais da Rua Rocha", no bairro da Bela Vista; a cantora Wanderléa, uma defensora da Natureza; a senhora Carmenza Saldias Barreneche, diretora de planejamento de Bogotá, (uma cidade singular, que serve de exemplo para todos nós latinoamericanos); você, fotógrafo jovem e parcialmente idealista; e eu, o anfitrião editor.

- Continuo ouvindo-o embora tenha a impressão de que você está cada vez mais distante da realidade em seus objetivos. Como foi o diálogo entre os convivas?
- Comecemos por Carmenza: "Os Estados e Governos locais, por serem os que garantem e se comprometem com a construção do que é bem público, além de assegurar o bem viver dos cidadãos, devem estar comprometidos com o sentido global de cidade, com o intuito de garantir os objetivos sociais e ambientais".

- Legal. Mas me parece um tanto teórico tudo isso, não acha? O que disseram os demais?
- Luiza Erundina: "Coloco meu mandato como deputada federal à disposição para a busca de verbas orçamentárias da União para a realização de projetos a serem defendidos pela associação Viva o Centro e pela população que habita ou trabalha na região".
- O que disse Paulo Maluf? Estou curioso...

- Passo então a palavra ao senhor Paulo Maluf: "Continuo um defensor do Centro e credito a sua deterioração ao aumento da criminalidade nessa área. O que significa que não basta criar infraestrutura para preservar e revigorar o Centro se, além de obras físicas e providências burocráticas, não se complementam também em ação social, ligado ao aumento de empregos disponíveis, à construção de moradias, como aquelas do projeto Cingapura, e em uma eficiente ação policial para coibir abusos que sempre existirão no Centro, deteriorado ou não.

- A conversa ia aparentemente esquentando. Como se manifestou Celso Pitta?
- O ex-prefeito afirmou: "Perde-se tempo e recursos simplesmente porque cada governo municipal se recusa a dar seguimento a um plano original e quer, a qualquer custo, imprimir a marca de sua administração. Por isso é que a recuperação do centro de São Paulo vai se arrastando..."

- Você concorda com ele?
- Aguarde. Depois darei a minha opinião. Deixe-me relatar a mensagem de Marta Suplicy: "Das ações que realizamos, destaco a restauração do Mercado Municipal, o conjunto habitacional erguido no local da antiga Favela do Gato, as reformas na Rua 25 de Março e no Parque Dom Pedro II, a instalação da Oficina Boracea, a construção das sete bases da Guarda Civil Metropolitana, além da recuperação do Corredor Cultural (hic!), praças do Patriarca e Dom José Gaspar (hic, hic!!!)”.

- E o atual Prefeito, Gilberto Kassab, não disse nada?
- Sim, falou bastante, porém pouco ocorre para a revitalização efetiva do Centro de São Paulo em sua administração. Preste atenção em seu discurso: "O Projeto Nova Luz é um dos mais importantes dessa gestão ( hic!), para a recuperação da área que antigamente era chamada de cracolândia. Estamos na fase final do processo de desapropriação e prontos para deslanchar a segunda etapa de consolidação do projeto.Existe um grupo de empresários de construção civil fazendo a concepção dessa próxima fase, que é definir o que fazer em cada área.Ruas comerciais - como Santa Ifigênia ; Duque de Caxias, Cásper Libero, entre outras - vão receber intervenções para melhoria do espaço público . Haverá alargamento de calçadas, melhoria de travessias, troca e uniformização de pisos, projeto de iluminação publica, paisagismo e ordenação do mobiliário, além da implantação de galeria técnica que comporta a infraestrtura de tecnologia e informação como o cabeamento de fibra ótica.ª

- Excelente. Então o jantar foi um sucesso não é mesmo? Um exemplo de civilidade e de cidadania. Que bom.
- Pois é meu amigo. Nutro fantasias, sonhos, objetivos, utopias. Porém a realidade é outra. O Centro de São Paulo está imundo, abriga milhares de mendigos e de sem teto, de drogados, de assaltantes. As fachadas estão pixadas, o lixo acumulado nas calçadas; impera a desordem, o caos!!!

- O que podemos fazer para reverter esse quadro?
- Provocar reações, abrir os olhos dos vereadores que em princípios nos representam, sensibilizar os comerciantes e os habitantes do centro para que reajam, mobilizar a população para que descubram os encantos arquitetônicos e culturais da antiga capital, despertar o espírito cívico...

- E como terminou o jantar?
- De forma agradável. Todos se comprometeram a colaborar. Os ex-Prefeitos se tornaram grandes amigos, a Rua Augusta será totalmente arborizada, a Rua Rocha revitalizada e o Centro Antigo de São Paulo vai recuperar o seu glamour. Wanderléa continuará cantando e será a nossa "ternurinha", quer ela queira ou não!

- Acho que agora você realmente pirou de vez.
- Será? ..."Agora eu era o herói e o meu cavalo só falava inglês". La la la laralá...
Publicado por Fábio Ávila em

Regina Bertoni
Li a matéria sobre São Paulo e fiquei muito feliz que ações assim aconteçam, porque aqui também tenho tentado com outros defensores da natureza (edito aqui um jornal) conscientizar as pessoas sobre isso.
Tenho saudades de São Paulo, conforme ia lendo, fui recordando as ruas...
as fotos ilustram bem o trabalho de vcs em defesa do meio ambiente.
Parabéns por essa ação.
Wagner
Mas falo isso para ilustrar meus 20 anos de morador da rua Rocha e meu espanto quando li: "- Convidei ...; a senhora Carmem e o pastor Daniel, " os pais da Rua Rocha", no bairro da Bela Vista;..."
os pais da Rua Rocha??? Quem lhes outorgou a alcunha?
Que estranho...